Ora vejamos... nada moraliza tanto uma simples pessoa como estar desempregado.
Já viram a quantidade de pessoas que se
juntam no Centro de Emprego? Não ?! Olha que poucas indústrias ou comércios têm
tantos funcionários ao mesmo tempo.
Sim,
ali esta uma grande equipa! Nome da tasca: Os desempregados, Lda... não melhor
S.A.! Já que é grande...
O
que se faz quando ficamos no desemprego? vamos ao centro de emprego. Quanto
mais não seja para nos inscrever-mos.
Eu
fui ao de Braga. Cabisbaixo, desmotivado e com aquela sensação de fim do
mundo... tipo um pinguim perdido num pequeno bloco de gelo no meio da Antártida.
Mas
eis que o estado chega para me tirar desta triste situação. Eram para aí 300 ou
mais os que lá estavam.
Levantei
a cabeça e pensei : ahh, isto afinal é normal... afinal esta situação é
perfeitamente aceitável, isto
é do mais comum. Então afinal está tudo bem.
Era
como se o pinguim perdido num pequeno bloco de gelo no meio da Antártida chegasse
a uma praia completamente lotada... de pinguins!
Tal
como se saíssemos do mini-mercado da nossa vida laboral normal... e entrássemos no
hiper-mercado... dos desempregados! Aqui sim, aqui é onde está a força da massa
humana deste país!
Ora o Centro de Emprego de Braga... outro desafio.
1º
Organização… ou não!
Quando
lá cheguei mal entrei na porta vi que havia fila...como bom Português fui logo para lá! Era a fila pró segurança...
que tira as senhas.
Sim
que nada como uma máquina que precisa de ajuda humana permanente! Ou então já
chegou aqui a polivalência profissional.
Por
detrás do segurança, na parede, numa mica plástica velha e com muita folga que mal se via estavam
… as regras daquale processo. A questão
prende-se com o facto que, quando consegues ler que te deves dirigir ao segurança para requerer uma senha… já estás
junto de segurança pois a mica na parede
está por detrás dele!
É
tipo começas a jogar e só depois é que te dão as regras! Ora toma.
2º
Forma de espera
Depois
de ter a senha fui-me sentar. Afinal era o 196 aquilo devia demorar. Ora mais
um “berbicacho” que é como quem diz
“Coisa ou situação complexa, difícil”.
E
que na parede só tem dois contadores e aquilo são para aí uns 5 tipos de senha…
ele é o 800… o 600… o 500… o 200 e o 100. E no contador da parede só aparecem
duas linhas com o balcão/sala respectiva.
Isto
quer dizer que, se quiseres ir tomar um café, á casa de banho (naquele serviço
mais demorado!) ou mesmo esperar lá para fora e vieres daqui por 15 minutos, não
fazes ponta ideia se já estás próximo, és tu a seguir… ou já fostes!! E aquilo
só andava nos 800… ups!
Calma
malta! Isto tem uma função escondida… é que, se não fosse assim, eu não teria
visto as 300 pessoas lá dentro… metade tinha ido fazer qualquer coisa produtiva.
E lá se ia a motivação aos novos desempregados que chegam no momento. Percebi…
é para o bem comum dos novos membros que lá ficamos todos como equipa a olhar para
a parede!
3º
A praxe
Passados
a volta de 1h45 minutos lá chegou a minha vez. Era na sala 22. Quando lá
cheguei já pensavam que não vinha.
É
que aquilo fica no final de um corredor, no piso de cima, na outra ponta! Nada
mal para ser o sitio onde é atendido alguém que lá vai pela primeira vez. Aprende!
4º
O processo indústrial…
Á
maneira do Senhor Henry Ford. Mecânico, objectivo é rápido!
Entrei,
e dei bom dia. Sim eu disse dei, pois se trocasse implicava receber algo (bom
dia!) em troca… que não recebi!
Pediram-me
o número do Bilhete de Identidade ou cartão de Cidadão… que dei. Profissão? Que
disse. Último local de trabalho? Que respondi.
E depois o golpe final: “pronto é tudo… se tivermos alguma proposta
comunicamos!”
Então
é isto? Tipo, e se não for para professor de escola de surf não quer ser
mecânico? Temos uns cursos de barman agora em promoção? Isto garante-lhe
colocação… em Agosto?! Nada. Adeus!
Esperei
eu 1h 45min para responder a 3 perguntas… buááá
4º
Não morrerás em paz… salvo seja!
Passados
4 dias recebo uma carta em casa do centro de emprego… pensei eu: “já
encontraram algo! Viva”
Não!...
dizia a carta que “Na sequência da sua inscrição em(…data), no Serviço de
Emprego de Braga, e uma vez que naquela altura não apresentou o Número de
Identificação da Segurança Social (NISS), solicita-se que, se dirija estes
serviços (…) no sentido de actualizar este dado, necessário para manutenção da
sua inscrição”
–
e porquê? Simples, por que não me foi pedido! Ora fo#%#se!
Deixa-me
perceber… o estado sabe o meu número do B.I., o meu número de contribuinte,
quem eu sou, o que faço e onde trabalhei. E não sabe o meu Número de
Identificação da Segurança Social ? LOL.. ah ah