domingo, 19 de janeiro de 2014

Desemprego... como o estado nos motiva!




Ora vejamos... nada moraliza  tanto uma simples pessoa como estar desempregado

Já viram a quantidade de pessoas que se juntam no Centro de Emprego? Não ?! Olha que poucas indústrias ou comércios têm tantos funcionários ao mesmo tempo.
Sim, ali esta uma grande equipa! Nome da tasca: Os desempregados, Lda... não melhor S.A.! Já que é grande...

O que se faz quando ficamos no desemprego? vamos ao centro de emprego. Quanto mais não seja para nos inscrever-mos.

Eu fui ao de Braga. Cabisbaixo, desmotivado e com aquela sensação de fim do mundo... tipo um pinguim perdido num pequeno bloco de gelo no meio da Antártida.
Mas eis que o estado chega para me tirar desta triste situação. Eram para aí 300 ou mais os que lá estavam.
Levantei a cabeça e pensei : ahh, isto afinal é normal... afinal esta situação é perfeitamente aceitável, isto é do mais comum. Então afinal está tudo bem.
Era como se o pinguim perdido num pequeno bloco de gelo no meio da Antártida chegasse a uma praia completamente lotada... de pinguins!
Tal como se saíssemos do mini-mercado da nossa  vida  laboral normal... e entrássemos no hiper-mercado... dos desempregados! Aqui sim, aqui é onde está a força da massa humana deste país!

Ora o Centro de Emprego de Braga... outro desafio.


1º Organização… ou não!
Quando lá cheguei mal entrei na porta vi que havia fila...como bom Português  fui logo para lá! Era a fila pró segurança... que tira as senhas.
Sim que nada como uma máquina que precisa de ajuda humana permanente! Ou então já chegou aqui a polivalência profissional.
Por detrás do segurança, na parede, numa mica plástica  velha e com muita folga que mal se via estavam … as regras daquale processo.  A questão prende-se com o facto que, quando consegues ler que te deves dirigir  ao segurança para requerer uma senha… já estás junto de segurança pois a mica  na parede está por detrás dele!
É tipo começas a jogar e só depois é que te dão as regras! Ora toma.

2º Forma de espera
Depois de ter a senha fui-me sentar. Afinal era o 196 aquilo devia demorar. Ora mais um “berbicacho”  que é como quem diz “Coisa ou situação complexa, difícil”.
E que na parede só tem dois contadores e aquilo são para aí uns 5 tipos de senha… ele é o 800… o 600… o 500… o 200 e o 100. E no contador da parede só aparecem duas linhas  com o balcão/sala respectiva.
Isto quer dizer que, se quiseres ir tomar um café, á casa de banho (naquele serviço mais demorado!) ou mesmo esperar lá para fora e vieres daqui por 15 minutos, não fazes ponta ideia se já estás próximo, és tu a seguir… ou já fostes!! E aquilo só andava nos 800… ups!
Calma malta! Isto tem uma função escondida… é que, se não fosse assim, eu não teria visto as 300 pessoas lá dentro… metade tinha ido fazer qualquer coisa produtiva. E lá se ia a motivação aos novos desempregados que chegam no momento. Percebi… é para o bem comum dos novos membros que lá ficamos todos como equipa a olhar para a parede!

3º A praxe
Passados a volta de 1h45 minutos lá chegou a minha vez. Era na sala 22. Quando lá cheguei já pensavam que não vinha.
É que aquilo fica no final de um corredor, no piso de cima, na outra ponta! Nada mal para ser o sitio onde é atendido alguém que lá  vai pela primeira  vez.  Aprende!

4º O processo indústrial…
Á maneira do Senhor Henry Ford. Mecânico, objectivo é rápido!
Entrei, e dei bom dia. Sim eu disse dei, pois se trocasse implicava receber algo (bom dia!) em troca… que não recebi!
Pediram-me o número do Bilhete de Identidade ou cartão de Cidadão… que dei. Profissão? Que disse. Último local de trabalho? Que respondi.  E depois o golpe final: “pronto é tudo… se tivermos alguma proposta comunicamos!”
Então é isto? Tipo, e se não for para professor de escola de surf não quer ser mecânico? Temos uns cursos de barman agora em promoção? Isto garante-lhe colocação… em Agosto?! Nada. Adeus!
Esperei eu 1h 45min para responder a 3 perguntas… buááá

4º Não morrerás em paz… salvo seja!
Passados 4 dias recebo uma carta em casa do centro de emprego… pensei eu: “já encontraram algo! Viva”

Não!... dizia a carta que “Na sequência da sua inscrição em(…data), no Serviço de Emprego de Braga, e uma vez que naquela altura não apresentou o Número de Identificação da Segurança Social (NISS), solicita-se que, se dirija estes serviços (…) no sentido de actualizar este dado, necessário para manutenção da sua  inscrição
– e porquê? Simples, por que não me foi pedido! Ora fo#%#se!

Deixa-me perceber… o estado sabe o meu número do B.I., o meu número de contribuinte, quem eu sou, o que faço e onde trabalhei. E não sabe o meu Número de Identificação da Segurança Social ? LOL.. ah ah

Isto é já para ver se me descontam das estatísticas ! Só mesmo neste pais !



Mas motivado eu vim… afinal somos tantos…